
Nos últimos anos, o aumento da preocupação com a preservação
do meio ambiente tem levantado um debate nacional a respeito da qualidade do
diesel.
Acima de tudo, as discussões reconhecem o caráter
indispensável deste combustível para a economia brasileira. Não por caso.
Afinal, seu uso é uma unanimidade entre os veículos responsáveis pelo
transporte de cargas no país.
Diferente do que algumas pessoas podem imaginar, portanto, o
debate da sustentabilidade logística e rodoviária não se trata sobre a busca de
formas de substituição do diesel por outros combustíveis.
A ideia das discussões é buscar formas de aprimorar a
qualidade do diesel, a fim torna-lo mais eficiente para os veículos e ambientalmente
amigável.
Neste texto, vamos mergulhar em algumas das variações deste
combustível e apontar aquelas que têm ganho cada vez mais suporte dos
especialistas.
Concentração de enxofre: um indicativo fundamental da
qualidade do diesel
Como você já deve saber, o diesel é um combustível derivado
do petróleo. Sua composição, porém, carrega uma série de outras substâncias,
tais como os hidrocarbonetos, o nitrogênio, o oxigênio e o enxofre.
Este último elemento (enxofre), tem protagonizado boa parte
do debate em torno da qualidade do diesel e seus impactos ambientais.
Isso acontece, sobretudo, porque a emissão em partículas
desta substância é considerada nociva ao ar e à saúde tanto dos seres humanos
quanto de outros animais.
Para quem depende do diesel para sua atividade diária,
porém, existem outros fatores tão importantes quanto os ambientais relacionados
à presença do enxofre no combustível.
De acordo com especialistas, versões do diesel com grandes
quantidades de enxofre ampliam os riscos de desgaste do motor e do veículo como
um todo. Nessas análises, os experts do tema apontam que combustíveis com essas
características propiciam um maior acúmulo de resíduos por onde circulam,
provocando a corrosão de peças e componentes em geral.
Mercado e governo se mobilizam para diminuir concentração
de enxofre no diesel
A constatação de que a concentração de enxofre é um dos
principais indicadores da qualidade diesel tem gerado movimentos importantes do
mercado e do poder público.
Recentemente, uma regulação da Agência Nacional de Petróleo
(ANP) incentivou o maior consumo do diesel S10 – cuja concentração de enxofre é
significativamente menor do que a do tradicional S500.
Para fazê-lo, a ANP limitou a venda do S500 a postos
localizados em rodovias e exigiu que este ganhasse a adição de um corante
vermelho a fim de sinalizar seu caráter mais poluente.
Em contrapartida, o diesel S10, de aparência amarelada, pode
ser adquirida em quaisquer postos de combustível – inclusive os urbanos.
A medida de incentivo ao uso de diesel com menor
concentração de enxofre criada pela ANP pode, em breve, ganhar um respaldo
ainda maior na legislação brasileira.
Isso porque, em dezembro de 2021, o Senado Federal passou a
discutir um projeto de lei que proíbe por definitivo o uso do S500 no transporte
rodoviário.
Um fator curioso no texto do projeto é que, além de seus
benefícios ambientais e mitigação de desgaste dos motores dos veículos, o uso
unificado do S10 foi apontado como um fator simplificador da cadeia logística
do combustível como um todo.
Neste sentido, o texto afirma que a “a unificação do diesel
de uso rodoviário, “ao eliminar a necessidade de estruturas segregadas de
transporte e armazenamento para o S10 e o S500, simplificará a logística da
cadeia produtiva do diesel, reduzindo os custos”.